quinta-feira, 3 de julho de 2014

#96 | A Linhagem - Camila Dornas.




Número de páginas: 334 | Autor: Camila Dornas
Editora: Novo Século | Ano: 2013 | Gêneros: Romance, Fantasia, Magia e uma pitada de erotismo | 1ª Edição.

Londres do século XVIII. A capital da Inglaterra era um dos mais importantes centros do mundo. Vestidos pomposos, elegância e boas maneiras. Um tempo onde as posses e a reputação regiam a sociedade. A igreja possuía poder absoluto e condenava aqueles os quais pesava a suspeita de bruxaria – a arte oculta temida e repudiada pelo senso comum. Nesse cenário intimidador, surge uma mulher especial, com dons inimagináveis. E um destino grandioso...

RESENHA:



Evangeline poderia ser uma perfeita dama do século XVIII se não fosse por sua aversão às prepotências e ao machismo marcante deste período histórico. E, acima de tudo é claro, se não tivesse a capacidade de controlar os elementos, colocando-os à sua vontade como bem entende. Esta é Evangeline, uma figura feminina revolucionaria em um cenário masculino e evolutivo de Londres em 1720.

O livro A Linhagem de Camila Dornas, narrado sob o ponto de vista da própria Evangeline, vai contar a história desta mulher que está prestes a se casar com o primo do rei, Hector Callum, homem ganancioso, prepotente e cheio de mistérios. Ela o detesta e encara com repulsa este casamento arranjado por seu pai, Julian, um pequeno “ditador” que tem aversão por ela e o que faz. Como se não bastasse ser odiada pelo pai, a irmã Margareth e a madrasta fazem parte do time de haters de Lina. 

Durante o baile de noivado ela discute Hector por causa do controle que ele pretende exercer sobre ela depois do casamento. Evangeline zanga-se com a forma controladora de Hector e, como ainda não detém o controle absoluto sobre seus poderes, acaba causando uma ventania no salão do baile, colocando seu pai em uma saia justa. O contexto histórico da época leva em consideração o legado das caças às bruxas pela igreja e a condenação de práticas pagãs. Seu pai conhece o dom da filha e impõe uma severa saraivada de xingamentos sempre que pode. Quem tem um pai desses nem precisa de um inimigo. Como o destino é muito filho da bitch, queridos leitores, o futuro marido de Evangeline se encaixa no padrão de homem arrogante que só quer usá-la como divertimento sexual e escrava do lar, assim como seu pai faz com a madrasta. O que me fez pensar o quanto este contexto não é tão diferente dos tempos modernos. Evangeline é uma espécie de personificação da figura da mulher atual, inserida neste contexto arcaico, ela renega essa submissão ao homem, e sabe que deve ter os mesmos direitos que qualquer outra pessoa do sexo oposto possui. 

Quando baile acaba, Julian vai até o quarto de Evangeline e começa uma discussão pesada. Com direitos a surras e espelhos quebrados. Um verdadeiro barraco com boas descrições que prendem o leitor. Somos apresentados a raiva incessante de Julian.

Destruída pelas palavras proferidas, e tanta violência, ela decide ir até os estábulos da mansão para tentar pôr alguma ordem em seus pensamentos. Lá ela dá de cara com Henry, um esbelto e corpulento servo da família pelo o qual imediatamente se apaixona. A partir daí ninguém segura os dois, Lina e Henry passam a se encontrar mais vezes e acabam estabelecendo uma relação perigosa, já que ela é uma mulher "comprometida".

Isso de amor a primeira vista e encantos me incomodou em um primeiro momento, mas como é um romance — e tudo em um romance às vezes é previsível — deixei passar de boa. O livro pode até ter o romance dos dois, mas não creio que seja o plano de fundo principal. Levei em conta como algo bem superficial para não deixar o livro sem o toque romântico, já que toda a aura, os cenários e personagens tendem em direção ao amor.

A coisa pega mesmo é na parte fantástica do enredo. Como disse no começo, Evangeline é detentora de poderes que nasceram junto com ela. Descendência de sua mãe, Beatriz, que também possuía dons. Atormentada por ser diferente, Evangeline acha que não existem outros como ela. Até que certa tarde dá de cara com um misterioso homem de capa negra e expressão fria que revela à ela seus "companheiros mágicas", o nome dele é Dorian. Essa coisa dos dons é bem interessante, e os personagens que os possuem são carismáticos.

Mas toda aura mágica acaba quando o rei sofre uma tentativa de assassinato. Ninguém sabe quem foi, mas os boatos rondantes é que criaturas tentaram matá-lo e desapareceram quando foram ameaçados pelos guardas reais. Julian diz que se Evangeline tiver algo haver com isso ele terá o prazer de entregá-la para a fogueira.

Decidida a provar que não possui qualquer envolvimento com isso Evangeline vira Sherlock Holmes e vai investigar mais a fundo esse mistério. Conta com a ajuda de Henry e no meio da noite segue Hector, o qual ela tem fortes suspeitas de ser o grande vilão por trás desta história.

E ao segui-lo ela provou suas suspeitas. Hector está tentando matar o rei, e o mais absurdo de tudo: ele também possui dons. 

PAAAAAAAA! Tapa na cara da sociedade. Henry e Evangeline saem correndo com o rabo entre as pernas, mas não sem antes se amar um pouquinho porque esse casal é literalmente hot. Agora o futuro de Londres está nas mãos dela e, se nada for feito, Hector será o novo Voldemort e vai aniquilar geral. 

OPINIÃO:


A Linhagem assemelhasse com um romance histórico de banca. Até pode ser um pouco comparado, mas não se firme nesta descrição.

É um livro intrigante e cheio de reviravoltas. No final do livro o negócio pega fogo numa velocidade absurda e tem tantas revelações que você fica arfando a cada segredo. E isso é tão surpreendente que você fica olhando para o livro e relendo. Desacreditado por assim dizer. Camila Dornas usa um leque de adjetivos para descrever as cenas, sua narrativa é doce, simples e leve. Os personagens possuem características bem acentuadas e posso dizer que ao terminar o livro fiquei com muita saudade das aventuras de todos. Os amigos de Evangeline, Genevieve e Alfred, são os mais sensacionais, apesar de serem quase que coadjuvantes eles tem um humor muito carismático e umas atitudes bem engraçadas, são personagens divertidos que tiveram papeis importantes na investigação contra Hector.

Ah, é claro o Hector. Hector é um vilão totalmente obcecado pelo poder, ao longo do livro o personagem vai amadurecendo de uma maneira horrenda. Quem gosta desse tipo de vilão vai amar Hector, mas eu prefiro que ele fique bem longe. Há uma cena que é uma espécie de batalha final onde os personagens da investigação se juntam contra Hector que é FANTÁSTICA, literalmente. Para mim é o ápice do livro, e essa batalha desencadeia em várias cenas de arrepiar, com direito a espadas, gente sangrando e, é claro, muito choro e sofrimento. Como eu amo tragédias essa é a minha parte favorita.

"Acredito que todos nós somos como vulcões dormentes. Que, a cada novo problema, vamos acumulando pressão até atingir um ponto de colapso e entrar em erupção. Se presenciar alguém se transformar em uma pilha de ossos não era o fator que iria me fazer entrar em erupção, eu não podia imaginar o que seria." (p. 280)


O começo e o meio são como preparações e apresentações, mas foram um sacrifício para mim. Você não tem taaaanta reviravolta e o dia a dia da Evangeline é bem monótono. A Linhagem perde pontos nesse quesito comigo, como eu tinha outras leituras enquanto estava lendo essas partes me fizeram enrolar muito para terminar. Entretanto, depois que começou aquelas reviravoltas lindas eu não me controlei e li até o final de uma só vez. Lembro-me de ter surtado com a autora pelo Whatsapp, espero que ela não me ache louco ou coisas do tipo haha. 

Outro incômodo foi a repetição de algumas palavras — o que é muito comum com alguns autores nacionais de primeira viajem — que poderiam ser trocadas por outras com sentido equivalente. Repetições às vezes cansam e dá um ar repetitivo ao texto. Erros ortográficos só achei um que foi em relação ao uso dos “porquês”. De resto é um romance para abalar com os mais sentimentais, uma história sobre amor, o mal, esperança, compaixão e, acima de tudo, magia.

A Linhagem recebe nota 4 e um aperto no coração. E se Camila Dornas estiver lendo esta resenha espero que ela saiba que matar personagens não é nada legal. Cof.

"Quando se ama alguém, ela permanece em seu coração e em suas lembranças, mesmo que não permaneça em sua vida." (p. 333)


SOBRE A AUTORA


Foto -Camila DornasMoro em Brasília. Eterna amante dos Beatles e de boa música. Leitora fanática desde o momento em que entrei no mundo mágico que é uma biblioteca. Escritora por paixão. Ainda acredito no amor verdadeiro, do tipo que faz tudo valer a pena. Super hiperativa, compradora de livros compulsiva. Acho que na outra vida fui uma guerreira poderosa que dava a maior surra nos caras ruins haha. Tremo de terror a vista de uma barata e nunca paro de morder os lábios se algo me deixa nervosa. Sou um pouquinho de tudo, me apaixono por tudo que é intenso, odeio coisas mornas, se é pra ser, que seja 100 por cento. E não confio em pessoas que não comam chocolate ou resistam ao charme de um cachorro. Autora do livro ´´ A linhagem``.


2 comentários:

  1. Oi Vinícius :)

    Esse livro chama muito a minha atenção e depois da sua resenha fiquei super entusiasmado. Abraços!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Olá, já li um livro parecido e gostei da história, mas este parece ter um dom mais romântico no enredo que é para quem gosta deste gênero. Acredito que eu até gostaria desta eitura.

    Aparece lá pelo blog!

    Beijos

    Greice Negrini

    Blogando Livros
    www.amigasemulheres.com

    ResponderExcluir